Acerca de mim

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"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive." (Ricardo Reis)

Faz-me sentido...

"No mundo sempre existirão pessoas que vão me amar pelo que sou, outras que vão me odiar pelo que sou e outras, ainda, que ora me vão amar ora me vão odiar pelo que sou.
Sabendo disso, vivo livre. " (in a Alma das Imagens)

domingo, 16 de agosto de 2009

Sonho-Tradição-Amor-Contrato



"Queres casar comigo?"


"Sim"


Ninguém tem dúvidas que este momento é a apoteose das histórias de amor. Pelo menos nos filmes e nos romances, é o expoente máximo da sua manifestação. E na vida real?
Para os mais racionais não se pode confundir quimeras com realidades...
Para os mais românticos é uma questão de encontrar a alma gémea...
Não consigo ver esta questão a preto e branco...ultrapassa-me, confesso. Pois sou uma romântica racional ou será uma racional romântica?
A influência social dava-me a certeza, há uns anos atrás, que a dada altura da minha vida iria casar e ter filhos. Não tinha dúvidas no que diz respeito a algumas coisas: universidade, trabalho, namorar (sempre!), casar, filhos... as estafetas normais na corrida da vida.
Em que altura coloquei em questão o ciclo social? Não sei ao certo...
Os saudosistas apelam que o casamento agora é um negócio "blá, blá, blá", esquecendo que dantes era uma imposição social. Os idealistas acreditam que o casamento é o oposto de amor. Os tradicionais assumem que é uma etapa natural da vida. Os românticos sentem que o inicio da "eternidade".
Qual a versão mais actualizada? Depende das duas pessoas em questão.
A nossa sociedade actual tem aspectos negativos? Sim, muitos. Mas há uma evolução inquestionável. A liberdade de SER. E isto tem tanto de transcendente como de assustador. "Nunca têm medo, vocês?"
No fim deste devaneio sinto que cada amor é único e cabe a quem o sente vivê-lo da forma como lhe fizer mais sentido, sem medos. Partilhar algo com alguém é maravilhoso e só as pessoas em causa entendem a sua especificidade.
Acreditar que é possível é o primeiro passo para sentir algo especial, nem que seja por um momento.
Já Sto Agostinho dizia: "Ama e faz o que quiseres".




domingo, 9 de agosto de 2009

O AMOR pode ser um lugar assim...

Há musicas assim...que me "dão colo" sem eu pedir, que tornam presente momentos passados ... que me lembram da possibilidade do amanhã ...

Tenho saudades deste sentir ...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.


Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu."



Fernando Pessoa

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

"Compassione"

"compaixão: dor perante o mal alheio; pena; piedade; comiseração; lástima."






"- Não tenho mais dólares" - disse eu a dada altura, no meio de flores estendidas por inúmeros braços.


"- Não faz mal" - interpretei eu através da conjugação dos sons verbais, expressões facial e corporal que subscreveram a entrega de mais uma flor.


.... Não consegui evitar o sentimento.
Compassione, soa melhor em latim, mas apenas por uma questão fonética. O contéudo é o mesmo, a realidade também. Impossível ficar indiferente perante crianças a darem-te flores. Houve pessoas que conseguiram só pensar numa perspectiva: estão aqui para comover os turistas e ganhar com isso; não estão a passar fome, não são mendigos, têm família e casa de acordo com a sua cultura, quem somos nós para achar que a nossa é melhor...etc,etc...


Mas em mim nascem sentimentos contraditórios que se atropelam e se tentam anular uns aos outros para equilíbrio da minha saúde mental/ emocional: compaixão, vergonha, ternura, impotência...

Compaixão: por serem crianças que em vez de estarem a brincar, estão a tentar receber algo dos turistas,quer seja dinheiro, rebuçados ... porque por algum motivo precisam disso. Será só uma questão cultural? A minha consciência gostava que eu acreditasse mesmo nisso.
Vergonha: quem sou eu para achar que os miúdos vivem em piores condições que eu? Quem sou eu para sentir compaixão por uma realidade que desconheço? Como posso eu dormir descansada e gastar tantos dólares numa visita de um dia como eles ganham num mês inteiro?
Ternura: pelo olhar que nos toca a alma; pelo sorriso descomprometido; pela plenitude que aparentam ter...
Impotência: o que se pode fazer? Deixar de ir de férias? Deixar de viver o nosso conforto? Sim, há pessoas que o conseguem fazer mesmo sabendo que isso não vai mudar o mundo? Serei eu egoísta por não fazer o mesmo? Por me obrigar a acreditar que a forma como trabalho já permite influenciar o mundo de alguém? Até que ponto somos responsáveis pelos outros? Como podemos sorrir sabendo da injustiça do mundo?
Nota: a foto foi tirada com a autorização dele, mas achei melhor não expor o seu sorriso, desta vez.

Sem medo!



.... nunca deixei de andar de avião, pois o desejo do desconhecido foi sempre superior ao medo. Só a ideia de deixar de fazer algo por uma questão emocional mexia comigo!!! Abençoada racionalidade nessas alturas!!! Há pessoas com medo de aranhas, cães, montanhas russas... eu tinha medo de andar de avião. Tentava desvaloriza-lo mas ele aparecia sempre ... e quando surgia não o conseguia mandar embora!!
Desta vez, em vez de trancar a porta para ele não aparecer, deixei-a aberta, já estava a fazer conta com ele. E não é que para minha surpresa... o medo desapareceu ... tão simples quanto isso.

P.S. já só falta perder o medo de filmes de terror ...