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"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive." (Ricardo Reis)

Faz-me sentido...

"No mundo sempre existirão pessoas que vão me amar pelo que sou, outras que vão me odiar pelo que sou e outras, ainda, que ora me vão amar ora me vão odiar pelo que sou.
Sabendo disso, vivo livre. " (in a Alma das Imagens)

domingo, 31 de maio de 2009

"DEUS QUER - O HOMEM SONHA - A OBRA NASCE"




imagem:bookworms.sapo.pt/books/5893/o-riso-de-deus


"Deus QUER, o homem SONHA, a obra NASCE"...não é preciso fechar os olhos para ouvir a minha professora do secundário, à medida que esta desenha um triângulo no quadro...não foi ontem? Parece que o tempo tem o relógio adiantado...

Na altura não percebi bem a frase...hoje ainda não sei se consigo compreender toda a sua dimensão...Destino...não acredito nele, pelo menos no sentido clássico em que delegamos a responsabilidade das nossas vidas a alguém...sinto que sou mais do que uma marioneta guiada por umas mãos, ainda que divinas. Talvez fosse mais fácil pensar que não temos verdadeiramente opções, assim sempre podíamos "culpar" o mundo, o Olimpo, o Céu...

Liberdade é algo maravilhoso, mas não é o mais fácil. Li ou ouvi (a memória é mesmo selectiva) que a vida das mulheres antes da sua emancipação era mais fácil...a minha primeira reacção foi de perplexidade, mas depois tentei entender esse ponto de vista, por muito "errado" que me parecesse na altura (desde que descobri o quanto a verdade absoluta pode ser ignorante, as dúvidas têm - me esclarecido mais do que as certezas). A vida para as mulheres poderia ser mais fácil, pois não tinham oportunidade de pôr em causa, não havia escolha, havia aceitação/resignação, esperança que se conseguisse desempenhar o papel que Deus? escolheu para elas.

Fernando Pessoa dizia a dada altura "triste de quem é feliz, não é nada mais do que cadáver adiado que procria" (não tenho a certeza se é bem assim, esta frase está gravada na minha memória desde o secundário, irei confirmar depois), será mesmo? Há quem acredite que "Felizes os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus"...Em que ficamos?

Acho que das poucas certezas que vou mantendo...é a relatividade da vida, dos seus valores, dos seus significados...apesar do mundo ser uma aldeia global...cada um de nós não deixa de ser um universo e felizes daqueles que podem optar pelo seu caminho, seja ele qual for.

Gostei do livro, quem não gostaria de ter a oportunidade de se "perder no mundo para se encontrar"...ha quem tenha coragem de abandonar a "engrenagem social", ha quem considere isso uma loucura...que bom é podermos escolher... e a parte boa (ou não) é que não há opções certas/erradas...cada um deve viver como lhe fizer mais sentido...

"Não fazemos tudo o que queremos, mas somos responsáveis por aquilo que somos"....perante nós mesmos!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ser útil não basta...

«Na região de Chiang-Shih, no estado de Song, há lindas florestas de plátanos, amoreiras e ciprestes. Acontece que, quando atingem dois ou três palmos de altura, algumas dessas árvores são cortadas para servir de poleiros; das que medem quatro ou cinco palmos, há algumas
que são cortadas para fazer estacas e, das que chegam aos sete e oito palmos, muitas são serradas para tábuas de caixões. Assim, nenhuma destas chegou ao termo natural da sua vida, nem pôde desfrutar, do alto do seu cume, a imagem do mundo para a qual tinha sido criada e, a meio do seu destino, caiu sob golpes do machado. Este é o perigo de se ser útil...» Ichonang-Tseu


imagem: paremomundo.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_07.html


....nunca pus em questão o meu papel na sociedade. Aliás sempre pensei nele como algo intrínseco, algo natural...pois obrigatoriamente devemos "encaixar" na engrenagem, é quase um dever moral...todos participamos para um bem comum, algo maior.



Sempre soube o que queria, quando queria e lutei mais do que alguma vez pensei que era capaz para viver este presente. Nunca tive uma rede que me permitisse vacilar, aliás acho que foi isso que me tornou nesta "guerreira" aos olhos dos outros.



Sempre tive planos, metas, objectivos a cumprir para poder libertar-me de um "destino" que não queria....HOJE cheguei até onde me permiti sonhar a alguns anos atrás....e sim, tenho muita "sorte"....trabalho, saúde, amigos...o que se pode pedir mais...até o reconhecimento dos outros...que não poupam orgulho sobre a minha pequena conquista...



Eu não digo que não estou contente, não é isso. Sinto-me bastante orgulhosa da minha independência...mas pela primeira vez na vida posso efectivamente escolher o que fazer com ela...eu sempre pensei que tinha decidido a minha vida, e sim, efectivamente eu escolhi lutar por ela...mas acho que a recompensa não é o que eu pensava anteriormente....um papel na sociedade, ser útil, ser reconhecida por isso...Pois eu felizmente consegui isso, mas não me sinto satisfeita....Será que estou a pedir demais?



Sempre soube o que queria....agora pela primeira vez posso reparar no caminho que estou a percorrer...Não será isso a recompensa? A oportunidade de duvidar? De poder seguir um ou outro caminho....

domingo, 17 de maio de 2009

Sons para a alma...



Hoje o céu está mais azul,eu sinto...
Fecho os olhos.
Mesmo assim eu sinto...
O meu corpo estremeceu.
Não consigo adormecer.
Nem o tempo vai chegar
Para dizer o quanto eu sinto
Você longe de mim.
É uma espécie de dor...
Hoje o céu está mais azul eu sinto...
Olho à volta
E mesmo assim eu sinto
Que este amor vai acabar e a saudade vai voltar...
Já não sei o que esperar
Dessa vida fugidia...
Não sei como explicar
Mas eu mesmo assim o amo.

Sons para a alma...



Manhã Cinzenta
Faz me chorar
A chuva lembra
O teu olhar
As folhas mortas
Caem no chão
A dor aperta
O coração
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta pra meu peito
Daqui não saias mais
Perdi me AMOR
Pra te encontrar
Na solidão
Do teu olhar
No teu olhar
Se perde o meu
Também o mar
Se perde no céu
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta pro meu peito
Daqui não saias mais

O menino dança?






No, no digas que yo me muero
Amor, mi vida es sufrimiento
Yo te quiero en mi camino
Por vos cambiaba mi destino

Ay, abrazame esta noche
Y aunque no tengas ganas
Prefeiero que me mientas
Tristes breves nuestras vidas
Acercate a mí, abrazame a ti por Dios
Entregate a mis brazos

Tengo un corazón ganando
Yo sé que vos me estas escuchando
Con mis lagrimas te quiero
Pasión, sos mi amor sincero

Ay, abrazame esta noche
Y aunque no tengas ganas
Prefeiero que me mientas
Tristes breves nuestras vidas
Acercate a mí, abrazame a ti por Dios
Entregate a mis brazos


terça-feira, 12 de maio de 2009

Passado # Presente # Futuro

imagem: http://paulauster.blogs.sapo.pt/2023.html



ONTEM...HOJE...AMANHÃ...onde vivemos afinal?
Sim, eu sei, estamos no presente, ou pelo menos assim nos obrigamos a maioria das vezes, mas quantas vezes por dia nós evocamos as nossas memórias ou planeamos os segundos seguintes. Quanto tempo dura o presente? Um instante...Um momento?
O narrador nesta historia tenta a todo custo impedir que o passado se torne presente nas suas memórias...pois reviver alguns momentos implica necessariamente sentir...afinal, não vivemos para isso mesmo?

domingo, 3 de maio de 2009

"Não tenhas"

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol.
Abdica
E sê rei de ti próprio.

Ricardo Reis